Bibliologia

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INTRODUÇÃO


Não podemos nos esquecer jamais, de que a bíblia é o Livro dos livros. A verdade de Deus
escrita. O mapa do cristão, rumo aos céus. O maior tesouro de conhecimentos do mundo.
E o principal:
“A Bíblia não contém a palavra de Deus, ela é a Palavra de Deus!”
Jesus disse em Mateus 24:35: “Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras não
hão de passar”.
O pastor Claudionor de Andrade citando o grande teólogo Wayne Gruden, define a
importância das escrituras assim:
A bíblia contém todas as palavras divinas que Deus quis dar ao seu povo em cada
estágio da história da redenção e que hoje contém todas as palavras de Deus que
precisamos para a salvação, para que, de maneira perfeita, nele possamos confiar
e a ele obedecer.
(Andrade, Claudionor de. Teologia Sistemática Pentecostal, página 44, Rio de
Janeiro, CPAD).
E de maneira brilhante o saudoso teólogo brasileiro Raimundo de Oliveira diz:
A existência das escrituras é a prova mais do que plausível dos esforços de Deus
no sentido de aproximar o homem de seu meigo coração. O testemunho milenar
das escrituras é que “Deus de dá a conhecer”.
A nossa crença na bondade de Deus há de nos conduzir, necessariamente, à
compreensão de que através da sua palavra, Ele se revela pessoalmente àqueles
que Ele criou.
Deus fez o homem capaz e desejoso de conhecer a realidade das coisas. Será
que Ele ocultaria uma revelação que satisfizesse esse anelo? Pelo contrário. Diz o
profeta de Deus: “conheçamos, prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva
será a sua saída; e ele nos virá como a chuva, como a chuva serôdia que rega a
terra”. A revelação de Deus é possível, é progressiva, é certa.
(Oliveira, Raimundo de. As Grandes Doutrinas da Bíblia, página 16, Rio de janeiro,
CPAD).
Deus se revela a nós por intermédio de sua santíssima Palavra, a Bíblia, tendo em vista nossa
salvação por meio da fé nela como a Palavra de Deus. Por essa razão todo ser humano nasce
com o grande anseio de conhecer, e cada um busca esse conhecimento de uma maneira.
Nós, servos e servas de Deus, buscamos na Bíblia sagrada.
Nesta apostila, iremos estudar a história da Bíblia, sua formação, sua inspiração, suas línguas
originais, o cânon e suas respectivas traduções, baseados principalmente nas obras de dois
dos autores que mais admiro, um brasileiro, o pastor Antonio Gilberto, e outro americano, o
doutor Norman Geisler, as quais eu recomendo que todos adquiram.

Capitulo 1- INTRODUÇÃO À BÍBLIA


Etimologia do termo “Bíblia”


Bem, em primeiro lugar é necessário analisarmos a origem desse nome tão conhecido e
utilizado por todos nós diariamente, então vejamos:
A etimologia da palavra bíblia é muito interessante, por nos remeter a Fenícia, tendo em vista
que uma de suas cidades mais importantes era chamada exatamente de “biblos” (atual Gebal,
cerca de quarenta quilômetros ao norte de Beirute). Biblos foi uma cidade muito conhecida
na época por ser uma cidade comercial, onde se vendia de tudo um pouco, madeiras,
perfumes, tecidos, couros e papiro. E é pelo fato de o papiro ser um dos produtos mais
procurados no comércio, que aos poucos foi sendo chamada de biblos, em homenagem e
referência a cidade com o mesmo nome.
Um rolo de papiro de tamanho pequeno era chamado
"biblion" e vários destes eram uma
"bíblia". Portanto, literalmente, a palavra
bíblia quer dizer "coleção de livros pequenos". Com
a invenção do papel, desapareceram os rolos, e a palavra
biblos deu origem a "livro", como
se vê em
biblioteca, bibliografia, bibliófilo, etc.
Aproximadamente no ano 400 é que os escritores cristãos gregos começaram a chamar a
Bíblia de
“Os livros”, no plural indicando uma série de escritos da revelação divina. Mais
tarde, no século XIII, o plural foi mudado para o singular, concordando com a concepção de
que a Bíblia é uma expressão vocal de Deus.
A Bíblia também é conhecida por
Escrituras, que é um termo usado no N.T. para os
livros sagrados do A.T., que eram considerados inspirados por Deus. (2ª Tm. 3.16; Rm. 3.2).
Este termo também é usado no N.T. com referência a outras porções do N.T. (2ª Pe. 3.16). A
Bíblia também é conhecida por
Palavra de Deus, este termo é usado em relação a ambos
os testamentos em sua forma escrita (Mt 15.6; Jo. 10.35; Hb. 4.12).
Ora, se a Bíblia é a palavra de Deus escrita, então é de extrema importância para nós
o estudo e o exame de todos os escritos que nela estão contidos.
Nas palavras do teólogo Antonio Gilberto no livro “A Bíblia através dos Séculos”, pág.9:
“A necessidade desse estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a
nós por canais humanos, tornando-se, assim, divino-humana, como também o é a
Palavra Viva - Cristo -, que se tornou também divino-humano (Jo 1.1; Ap 19.13)”.
Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana, para que o homem possa entendê-
lo. Por essa razão, a Bíblia faz alusão a tudo que é terreno e humano. Ela
menciona países, montanhas, rios, desertos, mares, climas, solos, estradas,
plantas, produtos, minérios, comércio, dinheiro, línguas, raças, usos, costumes,
culturas, etc. Isto é, Deus, para fazer-se compreender, vestiu a Bíblia da nossa
linguagem, bem como do nosso modo de pensar. Se Deus usasse sua linguagem, ninguém o entenderia. Ele, para revelar-se ao homem, adaptou a Bíblia ao modo
humano de perceber as coisas. Destarte, o autor da Bíblia é Deus, mas os
escritores foram homens. Na linguagem figurada dos Salmos e das diversas outras
partes da Bíblia, Deus mesmo é descrito e age como se fosse homem. A Bíblia
chega a esse ponto para que o homem compreenda melhor o que Deus lhe quer
dizer. Isto também explica muitas dificuldades e aparentes contradições do texto
bíblico.
Inúmeros fatores fazem da Bíblia um livro fantástico e maravilhoso. Sua formação é
um destes fatores, cerca de 40 escritores em aproximadamente 1500 anos escreveram sob
orientação do próprio Deus.
A Bíblia divide-se em duas partes principais: ANTIGO e NOVO TESTAMENTO,
tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e 27 no NT. Estes 66 livros foram escritos num
período de 15 séculos e tiveram cerca de 40 escritores. Aqui está um dos milagres da Bíblia.
Esses escritores pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e
escreveram em países, regiões e continentes distantes uns dos outros, em épocas e
condições diversas, entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isto prova que
um só os dirigia no registro da revelação divina: Deus.
A divisão dos testamentos
A palavra testamento vem do termo grego "diatheke", e significa: a) Aliança ou
concerto, e b) Testamento, isto é, um documento contendo a última vontade de alguém
quanto à distribuição de seus bens, após sua morte. Esta é a palavra empregada no Novo
Testamento, como por exemplo em Lucas 22.20. No Antigo Testamento, a palavra usada
é "berith" que significa apenas
concerto. O duplo sentido do termo grego nos mostra que a
morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova Aliança, garantindo-nos toda a herança
com Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17).
O Antigo Testamento
Tem 39 livros, e foi escrito originalmente em hebraico, com exceção de pequenos
trechos que o foram em aramaico. O aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio
babilônico. Há também algumas palavras persas. Seus 39 livros estão classificados em 4
grupos, conforme os assuntos a que pertencem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O
grupo ou classe
poesia também é conhecido por devocional.
Os livros por cada grupo.
a. LEI. São 5 livros: Gênesis a Deuteronômio.
b.
HISTÓRIA. São 12 livros: de Josué a Ester.
c.
POESIA. São 5 livros: de Jó a Cantares de Salomão
d. PROFECIA. São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em:
• Profetas Maiores: Isaías a Daniel (5 livros).
• Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12 livros).


A lei (Pentateuco) – 5 livros                     Poesia – 5 livros
1. Gênesis                                             1.Jó
2. Êxodo                                               2.Salmos
3. Levítico                                             3.Provérbios
4. Números                                           4.Eclesiastes
5. Deuteronômio                                    5.O Cântico dos Cânticos


História – 12 livros                                    Profetas – 17 livros

1. Josué                                                  A. Maiores                           B. Menores
2. Juízes
3. Rute                                                   1. Isaías                              1.Oséias
4. 1Samuel                                              2. Jeremias                         2. Joel
5. 2Samuel                                              3. Lamentações                   3. Amós
6. 1Reis                                                  4. Ezequiel                          4. Obadias
7. 2Reis                                                  5. Daniel                             5. Jonas
8. 1Crônicas                                                                                     6. Miquéias
9. 2Crônicas                                                                                     7. Naum
10. Esdras                                                                                       8.  Habacuque
11. Neemias                                                                                     9. Sofonias
12. Ester                                                                                         10. Ageu
                                                                                                      11. Zacarias
                                                                                                      12. Malaquias

 

A classificação dos livros do AT, por assunto, vem da versão Septuaginta, através
da Vulgata, e não leva em conta a ordem cronológica dos livros, o que, para o leitor menos
avisado, dá lugar a não pouca confusão, quando procura agrupar os assuntos
cronologicamente. Na Bíblia hebraica (que é o nosso AT), a divisão dos livros é bem
diferente.
Nas Bíblias de edição católico-romana, os livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são
chamados 1,2,3 e 4 Reis, respectivamente. 1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2
Paralipômenos. Esdras e Neemias são chamados 1 e 2 Esdras. Também, nas edições
católicas de Matos Soares e Figueiredo, o Salmo 9 corresponde em Almeida aos Salmos
9 e 10. O de número 10 é o nosso 11. Isso vai assim até os Salmos 146 a 147, que nas
nossas Bíblias são o de número 147. Deste modo, os três salmos finais são idênticos em
qualquer das versões acima mencionadas. Essas diferenças de numeração em nada
afetam o texto em si, e não poderia ser doutra forma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor!
O Novo Testamento
Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no grego clássico dos eruditos, mas no do povo
comum, chamado Koiné. Seus 27 livros também estão classificados em 4 grupos, conforme  o assunto a que pertencem: BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA. O terceiro
grupo é também chamado DOUTRINA.
a. BIOGRAFIA. São os 4 Evangelhos.
b. HISTÓRIA. É o livro de Atos dos Apóstolos.
c. EPÍSTOLAS. São 21 as epístolas ou cartas. Vão de Romanos a Judas.
• 9 são dirigidas a igrejas (Romanos a 2 tessalonicenses)
• 4 são dirigidas a indivíduos (1 Timóteo a Filemom)
• 1 é dirigida aos hebreus cristãos
• 7 são dirigidas a todos os cristãos, indistintamente (Tiago a Judas)
As últimas sete são também chamadas universais, católicas ou gerais, apesar de duas delas
(2 e 3 João) serem dirigidas a pessoas.
d. PROFECIA. É o livro de Apocalipse ou Revelação.

                                            LIVROS DO NOVO TESTAMENTO

Evangelhos       
                                                            História


1.Mateus                                                                       1. Atos dos Apóstolos
2.Marcos
3.Lucas
4.João

                                                          Epístolas

3. 2Coríntios 14. Hebreus
 
4. Gálatas 15.Tiago
 
5. Efésios 16. 1Pedro
 
6. Filipenses 17. 2Pedro
 
7. Colossenses 18. 1João
 
8. 1Tessalonicenses 19. 2João
 

9. 2Tessalonicenses

20. 3João
10. 1Timóteo

 11. 2Timóteo                 21. Judas                    

                                                             Profecia

  1. APOCALIPSE

Os livros do Novo Testamento também não estão situados em ordem cronológica, pelas
mesmas razões expostas ao tratarmos do Antigo Testamento.
(Gilberto, Antonio, páginas 9, 18-23, A Bíblia através dos séculos Rio de Janeiro, CPAD).


                                                 A importância da escrita

Várias alternativas estavam abertas diante de Deus, quando decidiu escolher um meio de
transmitir sua verdade aos homens (Hb 1,1). Ele poderia ter usado um ou mais dos veículos
empregados em várias ocasiões, ao longo dos tempos bíblicos. Por exemplo, Deus usou
anjos nos tempos da Bíblia (v. Gn 18,19; Ap 22.8-21). O lançar sorte, além do Urim e do
Tumim, também foi empregado, a fim de procurar saber a vontade de Deus (Êx 28.30; Pv
16.33), da mesma forma que se ouvia a voz da consciência (Rm 2.15) e da criação (SI 19.1-
6). Além disso, Deus usou vozes audíveis (1Sm 3) e milagres diretos (Jz 6.36-40).
Todos esses veículos sofriam algum tipo de limitação ou deficiência. Enviar um anjo para que
entregasse cada mensagem de Deus, a cada ser humano, em cada situação, ou empregar
vozes audíveis e milagres diretos, tudo isso seria difícil de administrar e repetitivo. Lançar
sorte ou a simples resposta positiva ou negativa advinda do Urim e do Tumim eram limitados
demais, em comparação com outros veículos de comunicação de massa com maior amplitude
e melhores recursos, sendo capazes de prover descrições minuciosas. Outros meios de
comunicação, como visões, sonhos e as vozes da consciência ou da criação, em certas
ocasiões sofriam a influência do subjetivismo, da distorção cultural e até da corrupção. Era o
que se verificava sobretudo ao compará-los com alguns meios mais objetivos de
comunicação, os quais faziam uso da linguagem escrita.


                                 As vantagens da mensagem escrita


Seria incorreto dizer que todos aqueles meios de comunicação, sem exceção, não eram bons,
uma vez que de fato foram meios que Deus usou para comunicar-se com os profetas. No
entanto, havia um "caminho mais excelente", mediante o qual o Senhor se comunicaria com
os seres humanos de todas as eras por meio dos profetas. Deus decidiu fazer que sua
mensagem se tornasse algo permanente e se imortalizasse por meio de um registro escrito
entregue aos homens. Tal registro seria mais preciso, mais permanente, mais objetivo e mais
facilmente disseminável do que qualquer outro meio.


                                                      Precisão


Uma das vantagens da linguagem escrita sobre os demais veículos de comunicação é a
precisão. Para que um pensamento seja captado e expresso por escrito, é preciso que tenha
sido claramente entendido pelo autor. O leitor, por sua vez, pode entender com mais precisão
um pensamento que lhe tenha sido comunicado mediante a palavra escrita. Visto que os
conhecimentos entesourados pelo ser humano, até o presente, têm sido preservados na
forma de registros escritos e de livros, pode-se compreender por que Deus escolheu esse
processo a fim de comunicar-nos sua verdade.


                                                      Permanência


Outra vantagem da linguagem escrita é sua permanência. Constitui meio pelo qual se pode
preservar o pensamento ou a expressão, sem que os percamos por lapso da memória, por
vacilação mental ou por intrusão em outras áreas. Além disso, o registro escrito estimula a
memória do leitor e instiga sua imaginação, de modo que passa a incluir inúmeras implicações
latentes nas palavras e nos símbolos do registro. As palavras são maleáveis e permitem o
enriquecimento pessoal do leitor.

                                                      Objetividade


A transmissão de uma mensagem por escrito também tende a torná-la mais objetiva. A
expressão escrita carrega consigo uma marca de irrevocabilidade extrínseca a outras formas
de comunicação. Esse caráter definitivo transcende a subjetividade de cada leitor, o que
complementa a precisão e a permanência da mensagem transmitida. E mais: a palavra escrita
combate a má interpretação e a má transmissão da mensagem.


                                                       Disseminação


Outra vantagem da linguagem escrita sobre os demais meios de comunicação é sua
capacidade de propagação, ou disseminado. Independentemente do cuidado com que se
processa uma comunicação oral, sempre existe uma probabilidade maior de corrupção e de
alteração das palavras utilizadas em relação à comunicação escrita. Em resumo, a tradição
oral tende a sofrer corrupção, em vez de preservar uma mensagem. Na disseminação de sua
revelação à humanidade, de modo especial às gerações futuras, Deus escolheu um modo
exato de transmitir sua Palavra.


(Geisler e Nix, Introdução Bíblica, páginas 123-125, São Paulo, Vida Acadêmica).


Capitulo 2- LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA


O hebraico e o aramaico para o Antigo Testamento, e o grego para o Novo Testamento, são
as línguas originais da Bíblia.


a. O hebraico.


Todo o Antigo Testamento foi escrito em hebraico, o idioma oficial da nação israelita,
exceto algumas passagens de Esdras, Jeremias e Daniel, que foram escritas em aramaico.
A mais extensa é em Daniel, que vai de 2.4 a 7.28.
O hebraico faz parte das línguas semíticas, que eram faladas na Ásia (mediterrânea), exceto
em bem poucas regiões. As línguas semíticas formavam um ramo dividido em grupos, sendo
o hebraico integrante do grupo cananeu. Este compreendia o litoral oriental do Mediterrâneo,
incluindo a Síria, a Palestina e o território que constitui hoje a Jordânia. Integrava também o
grupo cananeu de línguas, o ugarítico, o fenício e o moabítico. O fenício tem muita
semelhança com o hebraico. O primitivo alfabeto hebraico é oriundo do fenício, segundo a
opinião dos versados na matéria. Tudo leva a crer que Abraão encontrou este idioma em
Canaã, ao chegar ali, em vez de trazê-lo da Caldéia. Em Gênesis 31.47, vê-se que Labão, o
sobrinho de Abraão, vivendo em sua terra, a Caldéia, falava aramaico; ao passo que Jacó,
recém-chegado de Canaã, falava o hebraico.
A língua hebraica é chamada no AT "Língua de Canaã" (Is 19.18) e "língua judaica" ou
"judaico" (2 Rs 18.26,28; Is 36.13). Como a maior parte das línguas do ramo semítico, o
hebraico lê-se da direita para a esquerda. O alfabeto compõe-se de 22 letras, todas
consoantes. Há sinais vocálicos, sim, mas não podemos chamá-los de letras.

Sabe-se agora que a forma primitiva dos caracteres hebraicos estava em uso na Palestina
1.800 anos antes de Cristo. Exemplos mais recentes das letras hebraicas há no Calendário
de Gézer (950-920 a.C), na Pedra Moabita (850 a.C); na inscrição de Siloé (702 a.C); nas
moedas do tempo dos irmãos Macabeus (175-100 a.C), e nalguns fragmentos dos escritos
achados junto ao mar Morto, a partir de 1947. Esta forma primitiva do hebraico passou por
modificações com o correr do tempo. Após o exílio, teve início a chamada "escrita quadrada",
que, por fim, foi pelos massoretas convertida na atual forma do alfabeto hebraico - uma forma
quadrada modificada.
A escrita hebraica dos tempos antigos só empregava consoantes sem qualquer sinal de
vocalização. Os sons vocálicos eram supridos pelo leitor durante a leitura, o que dava origem
a constantes enganos, uma vez que havia palavras com as mesmas consoantes, mas com
acepções diferentes. Quer dizer, a pronúncia exata dependia da habilidade do leitor, levando
em conta o contexto e a tradição. É por causa disso que se perdeu a pronúncia de muitas
palavras bíblicas.
Após o século VI, os eruditos judeus residentes em Tiberíades, passaram a colocar na escrita
sinais vocálicos, perpetuando, assim, a pronúncia tradicional. Esses sinais são pontos
colocados em cima, em baixo e dentro das consoantes. Os autores desse sistema de
vocalização chamavam-se massoretas - palavra derivada de "Massorah", que quer dizer
tradição, isto porque os massoretas, por meio desse sistema, fixaram a pronúncia tradicional
do hebraico. Qualquer texto bíblico posterior ao século VI é chamado "Massorético", porque
contém sinais vocálicos. Os mais famosos eruditos massoretas foram os judeus Moses ben
Asher; e seus filhos Arão e Naftali, que viveram e trabalharam em Tiberíades, na Galiléia.
Além do texto Massorético, há outro texto hebraico das Escrituras, o do Pentateuco
Samaritano, que emprega, os antigos caracteres hebraicos. É do tempo pré-cristão. São,
portanto, dois tipos de textos que temos em hebraico: o Massorético e o Pentateuco
Samaritano.


b. O Aramaico.


É um idioma semítico falado desde 2.000 a.C, em Arã ou Síria, que é a mesma região. (Arã
é hebreu; Síria é grego.) Nas Escrituras, o território da Síria não é o mesmo de hoje, o que
acontece também com outras terras bíblicas. O primitivo território estendia-se das montanhas
do Líbano até além do Eufrates, incluindo Babilônia, Mesopotâmia Superior (conhecida na
Bíblia por Arã-Naaraim; e Padã-Arã - Gn 25.20), e outros distritos. Era ainda falado numa
grande área da Arábia Pétrea.


Os trechos escritos em aramaico são:


O Esdras 4.8 a 6.18; 7.12-26.
O Daniel 2.4 a 7.28.
O Jeremias 10.11.
A influência do aramaico foi profunda sobre o hebraico, começando no cativeiro do reino de
Israel, em 722 a.C. na Assíria, e continuando através do cativeiro do reino de Judá, em 587, em Babilônia. Em 536, quando Israel começou a regressar do exílio, falava o aramaico como
língua vernácula. É por essa razão que, no tempo de Esdras, as Escrituras, ao serem lidas
em hebraico, em público, era preciso interpretá-las, para compreenderem o seu significado
(Ne 8.5,8).
No tempo de Cristo, o aramaico tornara-se a língua popular dos judeus e nações vizinhas;
estas foram influenciadas pelo aramaico devido às transações comerciais dos arameus na
Ásia Menor e litoral do Mediterrâneo. Em 1.000 a.C, o aramaico já era língua internacional do
comércio nas regiões situadas ao longo das rotas comerciais do Oriente. O aramaico é
também chamado "siríaco", no Norte (2 Rs 18.26; Ed 4.7; Dn 2.4 ARC), e também "caldaico",
no Sul (Dn 1.4). Tinha o mesmo alfabeto que o hebraico, diferia nos sons e na estrutura de
certas partes gramaticais. Do mesmo modo que o hebraico, não tinha vogais; a partir de 800
d.C, é que os sinais vocálicos lhe foram introduzidos. É muito parecido com o hebraico.
O aramaico foi a língua do Senhor Jesus, seus discípulos e da igreja primitiva, em Jerusalém.
Em Mateus 5.18, quando Jesus diz que a menor letra é o jota (aramaico iode), Ele tinha em
mente o alfabeto aramaico, pois somente neste é que se verifica isto. (A letra iode originou o
nosso i). Nos dias de Jesus, o aramaico já se modificara um pouco na Palestina, resultando
no "aramaico palestinense", como o chamam os eruditos. Também em Marcos 14.36, o uso
da palavra aramaica "abba", por Jesus, é outra evidência de que Ele falava aquela língua.
Que Ele também falava o hebraico é evidente em Lucas 4.16-20, uma vez que os rolos
sagrados eram escritos em hebraico.
O hebraico foi de fato absorvido pelo aramaico, mas continuou sendo a língua oficial do culto
divino no templo e nas sinagogas, dos rolos sagrados, e dos rabinos e eruditos.
Havia escolas de rabinos, inicialmente em Jerusalém, e, depois da queda da cidade, em
Tiberíades. Havia escolas semelhantes noutros centros judaicos. As conquistas árabes e a
propagação do islamismo em largas áreas da Ásia, África e Europa, reduziu e por fim destruiu
a influência do aramaico. Por sua vez, o hebraico, sendo língua morta, começou a ressurgir.
Para que se cumprissem as profecias referentes a Israel, era necessário que a língua
revivesse e assumisse a posição que hoje desfruta na família das nações modernas.
Devido aos hebreus terem adotado o aramaico como uma língua, este passou a chamar-se
hebraico, conforme se vê em Lucas 23.38; João 5.2; 19.13,17,20; Atos 21.40; 26.14; 72
Apocalipse 9.11. Portanto, quando o N.T., menciona o hebraico, trata-se, na realidade, do
aramaico. Marcos, escrevendo para os romanos, põe em aramaico 5.41 e 15.34 do seu livro;
já Mateus, que escreveu para os judeus, escreve a mesma passagem em hebraico (Mt 27.46).


c. O Grego.


Esta é a língua em que foi originalmente escrito o Novo Testamento. A única dúvida paira
sobre o livro de Mateus, que muitos eruditos afirmam ter sido escrito em aramaico. O grego
faz parte do grupo das línguas arianas. Vem da fusão dos dialetos dórico e ático. Os dóricos
e os áticos foram duas das principais tribos que povoaram a Grécia. É língua de expressão
muito precisa, e, das línguas bíblicas, é a que mais se conhece, devido a ser mais próxima
da nossa.

O grego do Novo Testamento não é o grego clássico dos filósofos, mas o dialeto popular do
homem da rua, dos comerciantes, dos estudantes, que todos podiam entender: era o "Koiné".
Este dialeto formou-se a partir das conquistas de Alexandre, em 336 a.C. Nesse ano,
Alexandre subiu ao trono e, no curto espaço de 13 anos, alterou o curso da história do mundo.
A Grécia tornou-se um império mundial, e toda a terra conhecida recebeu influência da língua
grega. Deus preparou, deste modo, um veículo lingüístico para disseminar as novas do
Evangelho até os confins do mundo, no tempo oportuno.
Até no Egito o grego se impôs, pois aí foi a Bíblia traduzida do hebraico para o grego - a
chamada Septuaginta, cerca de 285 a.C. Nos dias de Jesus, os judeus entendiam quase tão
bem o grego como o aramaico, haja vista que a Septuaginta em grego era popular entre os
judeus. Nos primórdios do cristianismo, o Evangelho pregado ou escrito em grego podia ser
compreendido pelo mundo todo. Só Deus podia fazer isso! Ele não enviaria o seu Filho ao
mundo enquanto este não estivesse preparado, e esse preparo incluía uma língua conhecida
por todos. (Ver Marcos 1.15 e Gálatas 4.4.)
A língua grega tem 24 letras; a primeira é alfa e a última ômega. Quando, em Apocalipse 1.8,
Jesus diz que é o Alfa e o ômega, está afirmando que é o primeiro e o último. Os gregos
receberam seu alfabeto através dos fenícios, conforme mostram estudos a respeito.
Ninguém vá supor que por não conhecer essas línguas originais das Escrituras, não
compreenderá a revelação divina. Sim, o conhecimento e a compreensão dos originais
auxiliará muito, mas não é o essencial. Na Bíblia, como já dissemos, vêem-se duas coisas
principais: o texto e a mensagem. O principal é a mensagem contida no texto. É
especialmente a mensagem que o Espírito Santo vitaliza, revela e maneja como sua espada
(Ef 6.17).
(Gilberto, Antonio, páginas 69-74, A Bíblia através dos séculos Rio de Janeiro, CPAD).


Os materiais de escrita


Os autores das Escrituras empregaram os mesmos materiais em uso no mundo antigo. Por
exemplo, as tabuinhas de barro eram usados não só na antiga Suméria, já em 3500 a.C,
como também por Jeremias (17.13) e por Ezequiel (4.1). As pedras também eram usadas
para fazer inscrições na Mesopotâmia, no Egito e na Palestina, para gravação, por exemplo,
do Código de Hamurábi, dos textos da pedra de Roseta e da pedra moabita. Foram
empregadas também na região do rio do Cão, no Líbano, e em Behistun, na Pérsia (Irã), como
também por escritores bíblicos (v. Êx 24.12; 32.15,16; Dt 27.2,3; Js 8.31,32).
O papiro foi usado na antiga Gebal (Biblos) e no Egito por volta de 2100 a.C. Eram folhas de
uma planta, que se prensavam e colavam para formar um rolo. Foi o material que o apóstolo
João usou para escrever o Apocalipse (5.1) e suas cartas (2Jo 12). Velino, pergaminho e
couro são palavras que designam os vários estágios de produção de um material de escrita
feito de peles de animais. O velino era desconhecido até 200 a.C, pelo que Jeremias teria
tido (36.23) em mente o couro. Paulo se refere a pergaminhos em 2Timóteo 4.13. Outros
materiais para escrita eram o metal (Êx 28,36; Jó 19.24; Mt 22.19,20), a cera (Is 8.1; 30.8; Hb 2,2; Lc 1.63), as pedras preciosas (Êx 39.6-14) e os cacos de louça (óstracos), como
mostra Jó 2.8. O Linho era usado no Egito, na Grécia e na Itália, embora não tenhamos
indícios de que tenha sido usado no registro da Bíblia.


Os instrumentos utilizados


Vários instrumentos básicos foram empregados para que se produzissem os registros
escritos nos materiais mencionados acima. Dentre eles estava o estilete, instrumento em
formato de pontalete triangular com cabeçote chanfrado, com que se escrevia. Era usado de
modo especial para fazer entalhes em tabuinhas de barro ou de cera, sendo às vezes
denominado pena pelos escritores bíblicos (v. Jr 17.1). O cinzel era usado para fazer
inscrições em pedra, como em Josué 8.31,32. Jó refere-se ao cinzel denominando-o "pena
de ferro" (19.24), com a qual se poderiam fazer gravações na rocha. A pena era usada para
escrever em papiro, em couro, em velino e em pergaminho (3Jo 13).
Outros instrumentos eram usados pelo escriba para desempenhar as tarefas escriturárias.
Jeremias refere-se a um canivete que alguém usou a fim de destruir um rolo (Jr 36.23). Seu
uso mostra que o rolo teria sido feito de um material mais forte que o papiro, que podia ser
rasgado. O canivete também era usado quando o escritor desejava afiar a pena, quando esta
começasse a ficar rombuda ou gasta pelo uso. A tinta era o material que acompanhava a
pena e ficava no tinteiro. A tinta era usada para escrever em papiro, em couro, em
pergaminho ou em velino. Vê-se, desse modo, que todos os materiais e instrumentos
disponíveis aos escritores no mundo antigo também estavam à disposição dos escritores da
Bíblia. (Geisler e Nix, páginas 128,129).


Os Autógrafos e os Manuscritos


A história da Bíblia e como chegou até nós, é encontrada em seus manuscritos. Manuscritos
são rolos ou livros da antiga literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi preservado e
transmitido mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bíblia, a palavra
manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou MSs.
Os originais saídos das mãos dos escritores (autógrafos), não há nenhum conhecido. É
provável que se houvesse algum, os homens o adorassem mais do que ao seu divino Autor.
Lembremos a adoração da serpente de metal pelos israelitas (2 Rs 18.4) e da cruz de Cristo
e da virgem Maria, pelos católico-romanos; e o caso de João querer adorar o mensageiro
celestial (Ap 22.8,9).


Razões para a ausência de MSS originais:


1) O costume dos judeus de enterrar todos os MSS estragados pelo uso ou qualquer outra
coisa; isto para evitar mutilação ou interpolação espúria.
2) Os reis idolatras e ímpios de Israel podem ter destruído muitos, ou contribuído para isso.
(Veja o episódio de Jeremias 36.20-26.)
3) O monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria (175-164 a.C), dominou sobre a Palestina durante
seu reinado. Foi extremamente cruel, sádico; tinha prazer em aplicar torturas. Decidiu